As ferramentas de tecnologia que auxiliam no ensino de pessoas com deficiência

9 de agosto de 2023

Brasil tem mais de 18 milhões de pessoas com deficiência, e ferramentas de tecnologia podem ser o elo entre elas e uma educação de maior qualidade 

Se as pessoas com deficiência têm na sociedade uma fonte constante de desgaste e desigualdade, é na educação que está o caminho para reverter esse cenário. Assim, torna-se fundamental que os professores estejam preparados para o ensino de pessoas com deficiência. Mas como vencer esse desafio da inclusão? A resposta muitas vezes está em ferramentas de tecnologia facilitadoras desse relacionamento. 

De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE neste ano, o Brasil tem cerca de 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, ou 8,9% da população do país. Os dados mostram que essa fatia da população tem menos acesso à educação, trabalho e renda. Nesse sentido, é fundamental para o processo de maior inclusão termos um foco no ensino de pessoas com deficiência.

Recursos já estabelecidos, como o corretor automático, por exemplo, são muito eficientes para pessoas com dislexia. Em aulas presenciais, os projetores merecem destaque, já que permitem apresentar conteúdo em tamanho ampliado, beneficiando alunos com algum comprometimento visual. Estudantes com deficiência auditiva podem se beneficiar também de legendas exibidas em tempo real.

No ambiente virtual as possibilidades são infinitas. O professor do UniFACTHUS e especialista nas áreas de Sistema de Informação e Tecnologia, Roberto Duarte, é entusiasta dos recursos do ambiente virtual de aprendizagem (AVA), utilizado pela instituição. “Conseguimos instalar na própria plataforma diversos plug-ins que permitem que alunos com necessidades especiais diversas consigam efetivamente interagir com o ambiente de aprendizagem”, revela. 

O docente destaca o Moodle, presente dentro do AVA, como uma ferramenta de tecnologia muito eficiente no ensino de pessoas com deficiência. “A plataforma oferece recursos que permitem aos usuários personalizar a interface para atender às suas necessidades específicas, incluindo ajustes como tamanho das fontes, cores de fundo e contraste, facilitando a leitura para pessoas com deficiências visuais ou dislexia”. 

Roberto também menciona a plataforma Hand Talk, que adiciona suporte para tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Já em relação às avaliações, o professor revela que o Moodle possibilita configurações para atender a diferentes necessidades de acessibilidade, como aumentar o tempo para concluir uma prova ou oferecer formatos alternativos para respostas.

“A atuação docente é cheia de desafios. Deparamo-nos com diversos tipos de perfis de aprendizagem, e por conta disso, temos de ser claros e didáticos o suficiente para atingirmos nossos objetivos instrucionais. Como estudioso da área da tecnologia, meu preparo docente para esse desafio foi justamente descobrir o que a tecnologia nos oferece para estreitarmos as lacunas didáticas no sentido de colaborar com os alunos detentores de características tão distintas”. 

A necessidade de adaptação no ensino de pessoas com deficiência também é uma pauta importante para a enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade UniBRASÍLIA Gama, Isla Cherlla da Silva Brito. Além do comprometimento com a docência, ela é também mãe de uma criança no espectro autista, e reflete sobre a inclusão dessas pessoas na educação.

“As salas de aula reproduzem muitas características segregadoras, porém, a integração permite maior participação do estudante com deficiência. A inclusão garante direitos e promove a aprendizagem, estimulando a autonomia e a independência das pessoas com deficiência em todas as fases da vida”, destaca. 

Segundo a educadora, o primeiro passo para criação de um ambiente acessível no ensino de pessoas com deficiência é justamente ter o conhecimento dessas características. “A partir daí o professor deve propor atividades mais inclusivas, garantindo metodologias de ensino realmente eficazes. O docente deve facilitar a aprendizagem e contribuir na evolução dos seus alunos, através do planejamento contínuo e o respeito mútuo entre eles”. 

 

(Texto: Bruno Corrêa/ Revisão: Marcos Ferreira – Assessoria de Comunicação do Ecossistema Brasília Educacional)

 

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