Abril Azul: entenda melhor o transtorno do espectro autista (TEA)

11 de abril de 2022

O autismo afeta, em média, 1 a cada 160 crianças brasileiras. O diagnóstico precoce e a inclusão social são direitos de todas elas

Os primeiros sinais podem começar cedo: alterações comportamentais, dificuldades de interação e comunicação. No entanto, esses sintomas nem sempre são facilmente perceptíveis e há quem chegue à fase adulta sem saber que tem Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Pela complexidade do assunto e também a forte necessidade de conscientização, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 2 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo e, desde então, o Abril Azul entrou no calendário das campanhas de alerta.

Afetando 1 a cada 160 crianças, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo é um distúrbio neurológico que reúne desordens desde o início da infância, permanecendo assim por toda a vida. As pessoas são afetadas pelo transtorno em diferentes níveis de intensidade, variando desde os casos mais leves, em que a pessoa  trabalha, estuda e convive de forma comum,até os casos mais severos, que necessitarão de apoio especializado.

A boa notícia é que a partir do diagnóstico correto, há diversas abordagens para integração e melhora na qualidade de vida das pessoas com autismo. Aproveitando a proposta do Abril Azul, listamos abaixo algumas informações úteis sobre o distúrbio.

É importante entender, no entanto, que só um profissional especializado é capaz de fornecer o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Nesse caso, se você tem dúvidas sobre o desenvolvimento da criança ou mesmo sobre si mesmo, é necessário buscar ajuda profissional, como psiquiatra ou neurologista.

 

Sinais e características

Os primeiros sinais do autismo costumam aparecer em crianças a partir de 1 ano. No entanto, às vezes essas características podem ser percebidas antes ou depois desse período, já que variam de intensidade. 

No geral, crianças autistas apresentam alterações comportamentais como manias, repetições, hiper ou hipo sensibilidade sensorial, forte apego a rotinas e hiperfoco em determinados assuntos de interesse. Também há dificuldade em iniciar e manter diálogos.

Pessoas com autismo também podem ter níveis variantes de prejuízo social, como dificuldade em fazer amigos, manter contato visual, interpretar gestos e expressões, serem muito literais e não atenderem quando são chamadas.

Já as dificuldades intelectuais não são unânimes. Enquanto algumas pessoas podem precisar de suporte na aprendizagem, outras podem ter altas habilidades, com grande interesse para áreas específicas e capacidade acima da média.  

 

Como é feito o tratamento do Autismo?

Após o diagnóstico, a pessoa com autismo recebe tratamento personalizado, que deve ser decidido entre o especialista e a família, no caso de crianças.Geralmente inclui acompanhamento médico multidisciplinar, com profissionais como pediatra, psiquiatra, psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, entre outros. 

É muito importante também que as pessoas próximas ao autista estejam treinadas para lidar com a situação, incluindo acompanhamento com pais, irmãos e, no caso de adultos, companheiros. 

Embora não existam medicamentos específicos para tratar o autismo, é comum que pessoas com o distúrbio tomem remédios para tratar alguns sintomas. 

Com a evolução do tratamento, o autista terá diminuição dos sintomas e se desenvolverá de forma mais abrangente, experimentando uma melhor qualidade de vida. 

É importante lembrar que as pessoas com autismo têm direito a diagnóstico precoce, bem como tratamento e acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), graças a Lei Berenice Piana (12.764/12), que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 

 

Educação e Inclusão

Um dos maiores objetivos da campanha do Abril Azul não é só divulgar o TEA, aumentando assim os diagnósticos e o número de beneficiados pelo tratamento, mas também alertar a população no sentido da criação de ferramentas para incluir essas pessoas na sociedade de forma ativa, diminuindo assim os prejuízos sociais delas e evitando situações de preconceito e discriminação.

De acordo com a Lei Berenice Piana (12.764/12), é garantido aos autistas o direito à educação (especializada se necessária), à proteção social, trabalho e igualdade de oportunidades. 

No campo educacional, as crianças autistas têm necessidades especiais, e por isso precisam de acompanhamento. Isso porque cada aluno é afetado pelo autismo em diferentes aspectos.

A educadora, enfermeira e mãe Isla Cherlla da Silva Brito, que é coordenadora e professora do Curso de Enfermagem da Faculdade UniBrasília destaca a necessidade desse acompanhamento por parte dos docentes para que os autistas possam aprender e desenvolver seu potencial ao máximo. “A Educação do autista traz algumas dificuldades, e é necessário identificar a dificuldade de cada um”.

A docente, que além de trabalhar na área da educação, também é mãe de uma garota autista de 4 anos, vê “uma forte necessidade dos educadores trabalharem conjuntamente com outros profissionais, principalmente da área da saúde, no sentido de vencer essas barreiras”.

“Precisamos incluí-los e também aprender com eles, porque existem várias formas de aprendizagem, e eles nos surpreendem bastante”, complementa.

Para além da educação infantil, Isla também destaca a necessidade de estratégias na educação superior, com mais recursos nas instituições de ensino e medidas universais disponíveis a todo o corpo acadêmico. 

“A educação é um mundo. E nós, como educadores, precisamos estudar mais sobre o autismo. Só assim teremos ferramentas para trabalhar em sala de aula”, encerra.

 

(Texto: Bruno Corrêa/ Revisão: Maria Carolina Santana – Assessoria de Comunicação do Ecossistema Brasília Educacional)

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